Só para saberem… eu, o Ricardo, autor do Visitar a Bósnia e Herzegovina, sou agora tour leader da agência de viagens The Wanderlust, que está a propor uma visita total a este maravilhoso país e ao Montenegro.

Como Funciona? Os companheiros de viagem terão encontro marcado com o guia, provavelmente em Montenegro. Calma, podem contar connosco para encontrar a melhor solução em termos de voos e lá estaremos à espera.

A viagem chama-se Por Terras do Montenegro e da Bósnia-Herzegovina, e custa 945 Euros, valor que inclui todo o alojamento para os 14 dias em que exploraremos a região, assim como todos os transportes excepto, claro, a ida e o regresso de avião (ou de qualquer outra forma escolhida pelos nossos viajantes).

Claro que também inclui seguro de viagem e a companhia permanente da minha pessoa, como guia, para mostrar os cantos mais secretos, debater o background cultural e a História local, resolver problemas inesperados e, enfim, tudo o mais que um tour leader faz. Ah! Dois jantares, digamos, especiais, estão também incluídos.

Os nossos grupos não têm mais de onze membros, mas também não podem ter menos de cinco.

E o programa da viagem? Pode ver no website da The Wanderlust, mas fica aqui também.

Importante: para qualquer questão relacionada com esta viagem deverá sempre contactar a The Wanderlust.

Dia 1 – Chegada a Kotor

É um dia de adaptação. Alguns chegarão extenuados da viagem até ao Montenegro e será melhor não acelerar logo de início. Certamente haverá oportunidade para conversar um pouco, para nos apresentarmos e consolidarmos o grupo. E também para um bom passeio pelas ruas e vielas do centro histórico de Kotor, classificado como Património Mundial pela UNESCO.

kotor-01Poderemos talvez sair das muralhas para petiscar qualquer coisa numa “tasca” com um ambiente mais local, afastada dos caminhos batidos pelos turistas. Quem sabe, uma dose de cevapi, aqueles pequenos croquetes de carne grelhados, servidos com pão de pita e, por vezes, cebola picada, e que são uma presença constante nesta Europa com forte influência cultural turca.

Recomenda-se uma noite de sono bem passada, porque o dia seguinte será bem preenchido.

Dia 2 – Kotor e Perast

Começamos bem cedo com uma espectacular subida dos penedos que rodeiam Kotor, para Leste, utilizando um trilho em zigzag que outrora, muito antes das estradas de asfalto, era a única via de entrada e saída por terra de Kotor. Subiremos até chegarmos a uma altitude superior à da torre mais alta do velho castelo medieval, usufruindo das vistas sobre Kotor e sobre o seu fiorde, momento sempre muito apreciado para tomada de fotografias. Depois, se encontramos o botequim aberto, poderemos visitar o velho Radovan, que fez de sua casa um café onde vende excelentes produtos caseiros, dos chouriços e queijos até à aguardente de ameixa que tão popular é nos Balcãs.

perast-01Na descida entraremos no castelo por uma janela, seguindo um trilho demarcado de caminhada, e poderemos explorar as ameias e casamatas acrescentadas pelos austro-húngaros, antes de regressarmos a Kotor.

Se o tempo estiver de feição apanharemos de imediato o autocarro para Perast, uma pequena aldeia na orla do fiorde, onde almoçaremos. Seguir-se-á um pequeno passeio pelas suas ruas com uma visita opcional à pequena ilha de Nossa Senhora dos Rochedos onde a igreja existente poderá ser visitada.

Dia 3 – Kotor e Budva

Se na véspera o passeio foi para trás de Kotor, hoje subiremos à montanha do outro lado do fiorde, até atingirmos o forte Vrmac, que exploraremos com a ajuda de lanternas. Pelos antigos ninhos de metralhadoras subiremos ao telhado que, sendo plano, é o sítio ideal para um picnic com incríveis vistas para Kotor e para o mar Adriático. A manhã é livre para quem não se sentir em condições físicas para a caminhada montanha acima.

kotor-02Regressados do passeio pedestre, partiremos para Budva, de autocarro. Esta, tal como Kotor, é uma cidade muralhada de influência veneziana, com muitas ruazinhas cheias de personalidade para explorar, e uma cidadela que visitaremos. Das suas muralhas teremos uma perspectiva privilegiada da velha igreja de Santa Trindade e das águas azuis do Adriático.

Dia 4 – Kotor, Herceg Novi e Trebinje

Saímos de manhã rumo a Herceg Novi, onde aproveitaremos o tempo entre autocarros para explorar um pouco esta cidade medieval, onde antigas muralhas e torreões têm como vizinho o azul profundo do Adriático. Os que preferirem poderão aguardar nas calmas numa esplanada junto à estação.

Trebinje tem o encanto especial de ser apenas uma pequena cidade provincial que, sem se encontrar na Sérvia, é em tudo sérvia. Afinal de contas estamos na Republika Srbska, uma das duas entidades políticas em que a Bósnia-Herzegovina se encontra dividida.

trebinje-01Visitaremos a encantadora ponte turca, construída em pedra (1567) sobre o leito do rio e percorreremos as ruas da cidade antiga, espreitando o testemunho mudo do conflito dos anos 90: o bairro muçulmano, incendiado pelos sérvios por essa altura.

Ao final da tarde, uma surpresa, sobre a qual nada mais adiantaremos por agora. A noite será passada no Hotel Platani, um icónico estabelecimento localizado na praça central de Trebinje, assim chamado devido aos imponentes plátanos que ali se erguem.

Dia 5 – Mostar

Ao acordar, antes da partida, há tempo para uma visita ao mercado que todos os dias se estende na praça em frente ao hotel, onde se podem adquirir produtos directamente do produtor a bons preços.

A manhã será passada na estrada. Ainda são umas quantas horas até Mostar, capital da Herzegovina. Depois de nos instalarmos na vivenda que teremos por nossa conta para a estadia, localizada a cinco minutos a pé da famosa ponte de Mostar, partiremos à descoberta da cidade.

mostar-01Será o primeiro contacto com esta Europa diferente, profundamente marcada pela ocupação otomana, onde os minaretes tomam o lugar das torres sineiras. Estamos nos Balcãs muçulmanos, exemplo perfeito de um Islão liberal e descontraído que não faz notícias de abertura nos telejornais.

Vamos abordar a ponte de Mostar, descobrindo os melhores ângulos para a obtenção daquela fotografia única. Subiremos ao topo do minarete que oferece a vista ideal, não só sobre a clássica ponte mas sobre toda a cidade. Se tivermos sorte assistiremos a um dos famosos saltos para a água.

mostar-02Com o tempo que sobrar palmilharemos as ruas de Mostar, onde poderemos observar os sinais claros dos violentos combates que aqui tiveram lugar há apenas vinte anos. Teremos uma perspectiva das ruínas do outrora grandioso Neretva Hotel e da chamada “torre dos snipers” que foi a sede de um grande banco antes de ser usado pelos atiradores furtivos durante a guerra e, consequentemente, destruída pelo fogo de artilharia.

Por vim visitaremos a Srª Kejtaz, que transformou a casa da sua família há gerações num museu do quotidiano otomano.

Dia 6 – Blagaj, Pocitelj, Kravice

Este será um dia marcado pela variedade. Teremos uma viatura à disposição do grupo e passaremos uma boa parte do dia fora de Mostar. A primeira paragem será em Blagaj, um ponto muito apreciado pelos locais. Aqui o rio brota do interior da montanha, com um caudal impressionante e, precisamente nesse ponto, existe desde tempos imemoriais uma casa de dervishes, actualmente um museu que poderemos visitar.

pocitelj-01

Pocitelj é uma aldeia histórica, nascida em redor de um castelo que domina o curso do rio Neretva, e que acompanha a encosta que se levanta do vale. As suas estreitas ruas, rodeadas de casas tradicionais com telhados de laje de pedra, são um mimo para a vista. Se a encontrarmos poderemos beber um refresco de rosa em casa da senhora Šehida, antes de nos sentarmos para um picnic num lugar com uma vista extraordinária.

kravice-01Da parte da tarde iremos até às queda de água de Kravice, onde o curso do rio se despenha de uma altura de vinte e cinco metros, num semi-circulo amplo, criando um oásis de frescura precioso numa região marcada pela secura. Ali poderemos descansar um pouco, bebendo uma retemperante bebida na esplanada do rústico restaurante que se encontra junto ao leito do rio, antes de iniciarmos a jornada de regresso a Mostar.

Dia 7 – Sarajevo

Havendo circulação de comboios – uma incógnita na Bósnia-Herzegovina – embarcaremos na composição que nos levará por um dos percursos mais cénicos da Europa. Caso contrário teremos que nos satisfazer com um autocarro que nos deixará em Sarajevo pela hora do almoço.

Seguiremos para casa do Sr. Dujmovic, no alto das colinas que abraçam o centro de Sarajevo. O nosso lar poderá não proporcionar o conforto de um hotel, mas promete experiências únicas. Poderemos observar toda a cidade, lá em baixo, e visitar alguns locais da batalha de Sarajevo, mesmo ao lado. Se o Sr. Dujmovic estiver com a disposição certa, terá histórias para contar. Sobre a cidade que tão bem conhece, sobre os dias negros do cerco, sobre as cercanias da casa.

sarajevo-01Retemperadas as forças, desceremos até ao centro histórico, um passeio de cerca de 25 minutos que nos colocará em contacto com uma Sarajevo que não vem nos guias turísticos, rural, familiar.

Chegaremos à Baščaršija, o núcleo histórico da urbe. Os apreciadores de café pensarão ter chegado ao paraíso, e podemos perdermo-nos por aqui, entre as ruas do bazar e os pátios onde aquela bebida se consome segundo preceitos centenários.

sarajevo-02Subiremos a outra das colinas, penetrando profundamente na alma otomana de Sarajevo, passando por um imenso cemitério onde repousam milhares de vítimas do cerco, até chegarmos a uma das portas medievais da cidade e a um antigo bastião defensivo de onde se tem uma perspectiva notável de todo o vale.

De regresso ao centro ultrapassaremos simbolicamente a linha que divide dois mundos: de um lado a Sarajevo otomana, do outro, a cidade ocidental, forjada pelos austríacos. Em redor, um símbolo de multi-etnicidade: uma igreja católica, uma mesquita, uma sinagoga e um templo ortodoxo.

Dia 8 – Sarajevo

Acordar naquela casa é algo de especial. A cidade, lá em baixo, dá-nos os bons dias. Hoje desceremos por outras vielas, em direcção ao cemitério judaico, o segundo maior da Europa. Dali passaremos à parte da Sarajevo onde os combates durante o cerco (1992-96) foram mais intensos. Visitaremos o local onde caíram as primeiras vítimas da guerra, e, ao longo do dia, teremos oportunidade de ver locais determinantes para o evoluir do conflito.

sarajevo-03Visitaremos o Museu de História da Bósnia-Herzegovina e veremos a chama eterna que arde em homenagem às vítimas da Segunda Guerra Mundial, a rua pedonal que é o coração da Sarajevo moderna, parques transformados em cemitérios de guerra, homens que jogam xadrez gigante, a reconstruída Biblioteca Nacional (que ardeu completamente durante o cerco, atingida pela artilharia sérvia), o ponto exacto onde o anarquista Gavrilo Princip assassinou o Grã-Duque Franz Ferdinand despoletando a Primeira Guerra Mundial, as trágicas “rosas vermelhas” que marcam locais de chacinas durante os anos do cerco, a fábrica de cerveja Sarajevska (único ponto de abastecimento de água à população civil da cidade sitiada).

Durante o passeio existirá oportunidade para uma pausa para petiscar o melhor cevapi do mundo, que se encontra aqui, no coração de Sarajevo.

Dia 9 – Sarajevo

Este último dia é livre. Poderás simplesmente ficar pela casa a relaxar e apreciar a vista, dar um passeio pelas imediações ou descer à cidade para um pouco de exploração autónoma.

Dia 10 – Travnik

Chegaremos a Travnik ao fim da manhã. E o que tem esta pequena cidade de especial? Foi a capital da Bósnia Otomana durante cento e cinquenta anos e é um excelente exemplo da urbe de influência turca.

Aqui nasceu, numa casa que visitaremos, o escritor Ivo Andric, agraciado com o Prémio Nobel da Literatura em 1961. Foi aliás inspirado na sua cidade materna que escreveu uma das suas obras mais importantes: Crónicas de Travnik.

travnik-01Após nos acomodarmos no pequeno hotel que nos dará guarida esta noite, iremos até à Plava Voda, ou “água azul”, um local muito apreciado pelos habitantes de Travnik. Ali passam as águas de uma ribeira, com um vigor imenso, criando o ambiente ideal para relaxar. De seguida passaremos por uma mesquita especial, a Šarena džamija, ou seja, “a mesquita colorida”. Se estiver aberta, melhor. Senão, o exterior do edifício já vale a deslocação.

Por fim, subiremos ao castelo, atravessando a parte mais antiga de Travnik. Lá em cima poderemos visitar a exposição existente na torre de menagem antes de nos deixar ficar por uns instantes, deslumbrados com a paisagem natural e civilizacional que nos rodeia.

Dia 11 – Jajce

De Travnik prosseguiremos a viagem para norte, até Jajce. Se a cidade anterior se destacava pelo estatuto político alcançado na era otomana, Jajce é querida dos bósnios por ter sido o último bastião a cair perante o avanço do invasor turco.

jajce-01À tarde teremos uma visita guiada ao principal património histórico da cidade, que é muito e variado. As catacumbas são incontornáveis, assim como o é o preservado templo romano de Mitra, as mesquita Fethi e Esma-Sultanija e o castelo de Jajce.

Para o jantar, algo tradicional, preparado num simpático restaurante a fazer lembrar os espaços de restauração da era socialista.

Dia 12 – Jajce

Neste segundo dia em Jajce faremos um passeio a pé até aos lagos de Pliva. Ao longo do percurso, sempre com o rio por perto, veremos cascatas, lagos de água cristalina, aspectos da vida local e um encantador complexo de moinhos de água.

jajce-02De regresso à cidade, abordaremos a espectacular queda de água do Pliva que se precipita de uma altura de 22 metros, reunindo-se logo à frente ao rio Vrbas, e voltaremos a encontrar em Banja Luka. Depois de visitarmos um ponto especial para obter uma fotografia memorável da Jajce e da cascata, o resto do dia ficará à disposição dos viajantes, podendo, se desejado, ser realizada uma visita ao museu que assinala o nascimento do projecto da Jugoslávia socialista, ainda durante a Segunda Guerra Mundial.

Dia 13 – Banja Luka

De manhã seguiremos para Banja Luka, capital da parte sérvia da Bósnia-Herzegovina. Depois de nos instalarmos apanharemos um autocarro para Krupa, visitando as encantadoras quedas de água e os muitos moinhos ali construídos. No regresso será possível passar pelo Museu da República Sérvia da Bósnia-Herzegovina, que tem uma exposição pequena mas bem organizada. E depois será tempo de relaxar para a partida do dia seguinte.

Dia 14 – Regresso a partir de Banja Luka

É a hora do adeus. De Banja Luka existem excelentes ligações de autocarro com os países envolventes, sendo um excelente ponto de partida para a viagem de regresso a casa. Dependendo das opções tomadas, alguns seguirão viagem juntos.

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Conheci a Bósnia-Herzegovina e o Montenegro em 2011, apesar de já ter ouvido muito sobre o país através do meu vizinho e amigo Vedo. Desde então regressei várias vezes, apaixonado pelo tom misterioso de um país que será talvez o menos visitado da Europa. Acabei por ser convidado pela The Wanderlust para organizar expedições à Bósnia e Herzegovina e Montenegro, tornando-me, por assim dizer, um profissional de viagem à Bósnia e Herzegovina.

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